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Dezembro Vermelho: Infectologista do HRLN esclarece dúvidas sobre o HIV

1 de dezembro de 2021

Por Thaís Almeida

Especialista indica ações essenciais para evitar exposição ao vírus no ambiente hospitalar, afinal cuidar de quem cuida é um dos valores do Instituto Sócrates Guanaes 

Na década de 90 era comum ver nos meios de comunicação grandes campanhas de conscientização sobre a AIDS, com incentivo ao sexo seguro e demais medidas protetivas. Com o passar dos anos essas campanhas deixaram de chamar tanto a atenção do grande público, mas os casos de HIV continuam e os cuidados precisam ser redobrados. Segundo dados no Ministério da Saúde, no Brasil, em 2019, foram diagnosticados 41.919 novos casos de HIV.

AIDS é a doença causada pela infecção por este vírus –  Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV é a sigla em inglês), ele ataca o sistema imunológico, que é o responsável por defender o organismo de doenças. Aproveitando a campanha do Dezembro Vermelho, de Luta contra o HIV, a infectologista Dra. Natália Bacellar, do Hospital Regional do Litoral Norte, respondeu abaixo as principais dúvidas sobre o tema. Confira e saiba o que é mito e o que é verdade!

Qual a importância da campanha do Dezembro Vermelho?

Dra. Natália Bacellar: Dia 1º de dezembro é o Dia Mundial da Luta contra o HIV, sendo que a campanha se estende por todo o mês conhecido como Dezembro Vermelho. O objetivo da campanha   é conscientizar a população sobre a prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos das pessoas infectadas, desconstruindo o preconceito sobre aqueles que vivem com HIV/AIDS e conscientizando sobre comportamentos seguros e prevenção. Assim como tantas outras infecções sexualmente transmissíveis que afetam a saúde de milhares de pessoas pelo mundo, a infecção pelo HIV muitas vezes não apresenta sintomas, mas pode ser transmitida. 

Quais as maneiras de transmissão do HIV? E como devemos nos prevenir?

Dra. Natália Bacellar: O vírus do HIV é transmitido através de secreções corporais contaminadas. É transmitido principalmente por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha masculina ou feminina, com uma pessoa que esteja infectada. Pode ser transmitido por sangue contaminado. E também existe a chamada transmissão vertical que acontece quando uma mulher infectada engravida e transmite o vírus para o bebê durante a gestação, no parto ou amamentação.

A prevenção do HIV é realizada através de diversas ações que em conjunto podem diminuir a transmissão. A principal medida individual é o uso de preservativos. Realizar testagem periódica garante, em caso de ter se infectado, um diagnóstico precoce, tratamento imediato e diminuição da transmissão. Hoje em dia também existe a PREP que seria uma prevenção a base de medicações. Diagnosticar e tratar outras infecções sexualmente transmissíveis faz parte das medidas de prevenção do HIV, pois o fato da pessoa ter outra infecção sexualmente transmissível, aumenta o risco de contrair o HIV.

Dentro dos hospitais, quais os principais cuidados que as equipes assistenciais devem ter para evitar acidente biológico e a exposição ao HIV?

Dra. Natália Bacellar: Adotar sempre as  precauções padrão: sempre utilizar luvas, óculos, máscara e avental quando manipular sangue e secreções (independente do diagnóstico do paciente); manter atenção durante a realização dos procedimentos; manipular com cuidado as agulhas e instrumentos cortantes; não utilizar os dedos como anteparo durante a realização de procedimentos que utilizem   materiais perfurocortantes; não reencapar as agulhas e não entortá-las, quebrá-las ou retirá-las das seringas com as  mãos; desprezar conjunto seringa/agulha sem desmontá-lo; seguir as recomendações para montagem e preenchimento das caixas de perfurocortantes; desprezar todo material perfurocortante, mesmo que estéril, em recipientes adequados.

Quando uma pessoa faz um teste de HIV e o resultado é negativo, ainda há possibilidade de ter contraído o vírus? É verdade?

Dra. Natália Bacellar: Sim! Todos os testes possuem um período de janela imunológica, ou seja, a pessoa pode ter se contaminado recentemente e o teste dará negativo. Atualmente os testes para detecção do HIV de 4ª geração tem uma janela imunológica de 4 semanas.

Mulheres soropositivas podem ter filhos normalmente sem que estes tenham HIV? 

Dra. Natália Bacellar:  Sim! Mulheres que vivem com HIV, que fazem tratamento regular e pré-natal adequado podem engravidar, ter uma gestação sem intercorrências e ter filhos sem contaminá-los. Já a amamentação é contraindicada para TODAS as mulheres que vivem com HIV ainda que façam o tratamento de forma correta e tenham carga viral indetectável.

É verdade que no Brasil é possível fazer prevenção medicamentosa para evitar a contaminação?

Dra. Natália Bacellar: Sim, atualmente existe a PREP (profilaxia pré-exposição). A PREP consiste no uso diário de medicações antiretrovirais para pessoas não infectadas pelo HIV com objetivo de impedir que o HIV se estabeleça e se espalhe pelo corpo caso a pessoa tenha relação sexual desprotegida com uma pessoa contaminada.

Pessoas em tratamento transmitem o HIV? É mito ou verdade?

Dra. Natália Bacellar: Mito! Pessoas que estão em tratamento com terapia antirretroviral e com carga viral indetectável há mais de 6 meses não transmitem a doença por via sexual.

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