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Prontuário afetivo proporciona maior acolhimento a pacientes do HRRHRR

28 de abril de 2021

Por Mônica Bockor
Enxergar o paciente para além de sua doença é a base do atendimento humanizado, uma busca constante nas Unidades geridas pelo Instituto Sócrates Guanaes (ISG). No Hospital Regional de Registro, uma medida simples tem surtido efeitos bastante positivos nas UTIs e enfermarias destinadas ao tratamento de pacientes com a Covid-19. O prontuário afetivo, deixado ao lado do leito de cada paciente, revela informações como nome de familiares, profissão, gosto musical, pratos preferidos e atividades de lazer.
“São informações que permitem atender de forma mais acolhedora os pacientes. Mesmo aqueles que estão sedados já podem reconhecer o que lhes é familiar, como as músicas que gostam de ouvir”, explica a médica coordenadora da UTI, Dra. Maria Fernanda Leme. “Deixamos o ambiente mais familiar para o paciente. E os profissionais, apesar da rotina intensiva de cuidados, passam a ter uma percepção maior sobre aquele paciente, de que aquela pessoa no leito é o amor de alguém e tem uma estrutura familiar que sofre pela sua ausência”, observa Dra. Maria Fernanda.
A iniciativa do prontuário afetivo foi da terapeuta ocupacional Bárbara Rodrigues e da fonoaudióloga Luciana Oliveira. “Levamos a ideia para a equipe médica e multiprofissional do HRR e, em parceria com o setor de comunicação do Hospital, implantamos o prontuário afetivo nas UTIs e enfermarias Covid”, conta Bárbara. Luciana diz que a técnica contribui para a criação de vínculos,  a interação social e os estímulos cognitivos e de linguagem dos pacientes.
O enfermeiro Osley Maia Tavares revela que as informações realmente facilitam a comunicação e a interação com os pacientes extubados. “Quando saem da intubação, geralmente os pacientes ficam agitados e saber o que eles gostam e o que costumam fazer nos ajuda a interagir, a iniciar uma conversa. Parece que cria uma confiança imediata, eles ficam mais calmos e respondem melhor”, conta Osley.
A professora Linara de Jesus Camargo, 46 anos, de Iguape, permaneceu 46 dias internada no HRR por causa da Covid-19. Ver a preocupação da equipe em conhecer um pouco sobre ela foi bastante positivo. “Achei muito interessante, porque é bem pessoal, mostra um pouquinho do paciente. Então, não é apenas uma pessoa num leito passando por problemas, e sim um ser humano que tem sua história de vida, sua experiência. Todos que chegam acabam lendo o prontuário afetivo e ficam sabendo que gosto de doce de leite, que tenho quatro meninas. É uma experiência muito produtiva, que acaba envolvendo a equipe toda”.
A médica Dra. Maria Fernanda não tem dúvidas de que esse acolhimento humanizado contribui com a recuperação dos pacientes. “Ninguém quer ficar num leito de hospital. Mas quando conseguimos deixar esse ambiente mais acolhedor e familiar, quando o paciente reconhece a música, recebe uma comida que gosta e ouve palavras de conforto envolvendo informações familiares, até a adesão ao tratamento é mais tranquila”.
Informações
As informações sobre os pacientes intubados ou sem condições de comunicação verbal são coletadas pelo Serviço de Psicologia do HRR junto aos familiares, que se mostram interessados e entusiasmados em compartilhar esses dados pessoais. Quando os pacientes estão conscientes e em condições de se comunicar, eles mesmos fornecem as informações para a equipe – de uma forma terapêutica, esse processo também contribui com a interação e os estímulos cognitivos.

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