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Ela venceu o coronavírus. Agora, está ajudando outros a vencer também

4 de junho de 2020

Por Olenka Lasevitch
Explicando o que é colocar-se no lugar de outra pessoa, o filósofo Jacob Levy Moreno, escreveu: “Então eu te olharei com teus olhos e tu me olharás com os meus”. 
Nestes tempos de Coronavírus, colocar-se no lugar do outro e solidarizar-se com ele têm sido práticas mais comuns, sobretudo entre os profissionais da assistência. Grande prova disso foi a experiência pela qual passou a enfermeira Letícia Conceição Sivali, de 36 anos, que foi paciente internada com Covid-19 e que, agora, trata pacientes com a doença na mesma unidade que a tratou: o Hospital Regional do Litoral Norte (HRLN), gerenciado pelo ISG.
Moradora de Caraguatatuba, em São Paulo, Letícia passou pelo processo seletivo do HRLN, que foi inaugurado em março exclusivamente para atender pacientes contaminados pelo novo coronavírus. Já estava no processo de integração com a equipe para começar a trabalhar quando, um dia, acordou com muita falta de ar e procurou a UPA da cidade. Foi imediatamente encaminhada para a Santa Casa, onde fez os exames e ficou internada, pois já estava com 50% de comprometimento pulmonar. Como os sintomas agravaram, no dia seguinte Letícia foi levada para o HRLN. “Mesmo estando no oxigênio, cheguei a 93% de saturação e 33% de frequência cardíaca”. No HRLN, Letícia foi direto para a UTI e permaneceu no Hospital por dez dias, sendo que quatro destes entubada. 
“Senti muito medo, ainda mais por saber o que acontece com os pacientes, conhecer todos os riscos, mas também senti muita confiança na equipe. Como profissional da saúde, nunca tinha visto um atendimento tão humanizado. Mediante toda a gravidade que passei, a visão que tive do Hospital, como paciente, foi a melhor possível. Me senti acolhida, todas as equipes estavam muito preparadas”.
Letícia recebeu alta no dia 26 de maio e ainda ficou mais cinco dias em casa, onde mora com o irmão e a tia que a criou. Nenhum deles foi contaminado. 
Ao retornar ao HRLN esta semana, a enfermeira começou a atuar no setor de Emergência. “Foi ainda mais gratificante voltar ao hospital que salvou a minha vida, encontrar os colegas que cuidaram de mim e agora poder cuidar de outras pessoas que estão sofrendo o que eu sofri. Sabendo o quanto essa doença dói e causa medo. Em 15 anos de experiência, estou acostumada a cuidar dos pacientes, mas dessa vez eu posso sentir ainda mais o que eles sentem”.
Enfermeira Letícia, do Hospital de Caraguatatuba: “Depois de passar pela doença, agora entendo melhor o que os pacientes sentem”. 

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