Terapia ocupacional faz a diferença no tratamento da Covid-19 no HRLN
26 de maio de 2021
Por Thaís Almeida
Tratamento é inédito para pacientes do novo coronavírus na região do Litoral Norte
Pentear o cabelo ou abrir um pote pode parecer simples, mas para pacientes em processo de recuperação da Covid-19, com longos períodos de internação, conseguir completar essas tarefas são vitórias importantes, que no Hospital Regional do Litoral Norte estão sendo possíveis com a ajuda da terapia ocupacional.
“A terapia ocupacional é uma ciência que estuda a ocupação humana, ou seja, trabalha para que os indivíduos sejam capazes de realizarem suas atividades diárias na sociedade, suas ocupações (como comer sozinho, fazer sua higiene, movimentar-se, etc.). Aqui no Hospital nosso trabalho começa desde a UTI, avaliamos os pacientes, trabalhamos o posicionamento deles no leito, de maneira a deixar o corpo mais preparado para desempenhar as tarefas do cotidiano no futuro. Por exemplo, colocamos apoio nos pés para que fiquem na posição correta e assim o paciente terá mais facilidades ao voltar a andar”, explicou Melissa Campos Carli, terapeuta ocupacional, lembrando que o atendimento começou a ser oferecido no início deste ano e integra a demanda da equipe do Serviço Psicossocial da unidade.
Como unidade exclusiva para pacientes da Covid-19, o HRLN registra hoje uma média de tempo de internação de 16 dias para UTI e 5 para Enfermaria. Como a maior parte deste período, os pacientes estão deitados em leitos hospitalares é o trabalho da terapia ocupacional e da fisioterapia que ajuda para que os internados não percam suas funções motoras e cognitivas, ou para que consigam recuperá-las com sucesso.
“Oferecemos uma assistência individualizada. Participamos das visitas virtuais desses pacientes com as famílias, para conhecermos seus hábitos e suas histórias. E com esse conhecimento desenvolvemos intervenções, com exercícios ou órteses de posicionamento (objetos que criamos para deixar o paciente em uma posição mais correta no leito). Uma de nossas pacientes era costureira, e no caso dela elaboramos uma série de atividades com as mãos, para que consiga voltar para a sua profissão sem nenhum prejuízo. Em outro caso, o paciente era músico autodidata e foi com movimentos que ele utilizava como músico que o motivamos a se exercitar”, comentou Evellyn Bentes, terapeuta ocupacional do HRLN, que salientou ainda que este tipo atendimento para pacientes da Covid-19 é inédito na região do Litoral Norte.
Além da evolução motora e cognitiva, outro traço marcante da terapia ocupacional é o vínculo afetivo que gera nos pacientes – ainda mais isolados devido à pandemia. É neste momento do tratamento, quando estão próximos desses profissionais e recebem assistência, que eles conseguem também se sentirem amparados e acolhidos, como descreveu a paciente Celeste Aparecida Mendes ao ser questionada se aprovava o tratamento oferecido pela terapeuta Evellyn Bentes:
“Com certeza aprovo! Eu lembro de estar na UTI e ela vinha e mexia nos meus dedinhos. A única voz que lembro de ouvir na UTI é a dela. De maneira muito carinhosa, ela me ensinou tudo de novo, a mexer no meu cabelo, a voltar a fazer atividades simples com as mãos – como abrir um creme de cabelo. Não conseguia sequer apertar um desodorante, hoje eu consigo! Foi uma vitória, afinal ninguém gosta de ser dependente. Esse trabalho nos dá independência. Foi tudo muito importante. Só tenho a agradecer a Deus por ter colocado essas profissionais maravilhosas na minha vida”, comentou a paciente, de 62 anos, moradora de Caraguatatuba, que está há mais de 30 dias internada no HRLN, mas em breve receberá alta e poderá voltar ao convívio com suas duas filhas e seu netinho.
Atualmente, com 100 leitos disponíveis para Covid-19, 40 de UTI (95% de taxa de ocupação) e 60 de Enfermaria (76% taxa de ocupação), o Hospital referência no tratamento da Covid no Litoral Norte disponibiliza a terapia ocupacional para todos os pacientes que estão em condições de receber o tratamento, conforme avaliação e triagem feitas pelas próprias terapeutas, que em média realizam 18 atendimentos diários na unidade. Junto com as terapeutas ocupacionais, participam de toda assistência ao paciente no HRLN: médicos, profissionais da enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais e farmacêuticos – uma equipe multidisciplinar que cumpre a missão diária de salvar e cuidar vidas no Litoral Norte.
O Hospital
O HRLN é um serviço da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, gerido em parceria com o Instituto Sócrates Guanaes, que dá retaguarda para as cidades de Caraguatatuba, Ubatuba, São Sebastião e Ilhabela.
Trata-se de uma unidade de porta referenciada, cujas vagas são geridas pela Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (CROSS), com atendimento 100% gratuito e exclusivo aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
Aberto antecipadamente em março do ano passado para dar suporte para a região durante a pandemia, em um ano de funcionamento, o HRLN contabiliza o atendimento de 955 pacientes suspeitos ou confirmados Covid-19 (até 25/05). Lembrando nesta terça-feira (25), a unidade estava com 84 pacientes internados – 38 na UTI e 46 na Enfermaria.
Desde setembro de 2020, a unidade ainda oferece, também via CROSS, os seguintes exames para a região: ecocardiograma transtorácico, por estresse e transesofágico, endoscopia (digestiva alta), holter, mamografia, MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial), ressonância, tomografia e ultrassonografia.
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