Saúde mental e emoções em foco
27 de janeiro de 2022
Por Talita Araújo
O Janeiro Branco é uma campanha que tem como objetivo chamar a atenção das pessoas para as necessidades relacionadas à saúde mental e emocional, assim como as campanhas Outubro Rosa e Novembro Azul em relação aos cânceres de mama e próstata. Segundo seus idealizadores, o mês foi escolhido para abordar o assunto por ser o primeiro do ano “em termos simbólicos e culturais, as pessoas estão mais propensas a pensarem em suas vidas, em suas relações sociais, em suas condições de existência, em suas emoções e em seus sentidos existenciais”. Após dois anos de pandemia, abordar a saúde mental se mostra ser ainda mais relevante. Para entender melhor sobre este tema, confira abaixo a entrevista com a psicóloga Pâmela D.T. Rodrigues:
-Qual o significado do “Janeiro Branco” em tempos de pandemia?
O significado do Janeiro Branco, que é sobre a conscientização da saúde mental, se mantém. A questão é que vivemos em tempos com maior insegurança, instabilidade e incertezas, e que geram implicações para os aspectos emocionais. Ou seja, a pandemia evidência mais a necessidade dos cuidados com a saúde mental.
-Saúde mental e saúde emocional têm diferença?
Conceitualmente, a saúde emocional e a saúde mental têm diferenças. A saúde mental diz respeito aos transtornos emocionais, que são de ordem neurológica e biológica, e de alterações químicas do organismo, que podem estar atrelados aos adoecimentos psíquicos, como, por exemplo, depressão e ansiedade. A saúde emocional diz respeito as emoções, suas alterações e, às vezes, a dificuldade de lidar com elas, e não há um transtorno. Embora se diferenciem em alguns aspectos conceituais, na prática, muitas vezes, as duas caminham juntas. Uma pessoa com algum tipo de transtorno mental, consequentemente, também está sujeita ter alterações das questões emocionais.
-Como podemos identificar que estamos precisando de ajuda?
É preciso buscar o autoconhecimento que começa a partir da observação das próprias emoções. O sinal de alerta vem quando percebo que algo causa uma angústia com maior intensidade e, consequentemente, me priva das experiências. A privação de, por exemplo, deixar de ir a determinado lugar que antes frequentava por sentir-se em perigo ou ameaçado. São privações de experiências não pautadas pelo desejo, mas por medo e isso pode ser um indicativo de que estou precisando da ajuda de um profissional.
-É possível prevenir os problemas relacionados a saúde mental?
É possível prevenir alguns problemas relacionados a saúde mental. Tudo começa com fazer a auto-observação e ter o autocuidado. E ao perceber que algo não vai bem, procurar ajuda profissional ou alguém próximo. Dar a atenção a esses alertas e procurar ajuda favorece a prevenção do adoecimento.
-Como podemos fazermos para ter uma boa saúde emocional?
Há um movimento de patologização de algumas emoções, que classificam umas como boas e outras como ruins. Numa tentativa de eliminar algumas emoções da vida, não as aceitando e as rejeitando para somente sentir alegria ou felicidade o tempo todo. É importante saber reconhecer e aceitar todas as emoções. Faz parte da vida sentir tristeza, alegria, frustação, raiva, medo. Deve-se não somente aceitar as emoções, mas encontrar formas de expressá-las.
-O que fazer se perceber que alguém está com a saúde mental abalada?
Se uma pessoa começa a demonstrar que algo não vai bem, ela está, muitas vezes, em um processo de adoecimento. O que se pode fazer nestas situações é acolher. Podemos oferecer um apoio e uma escuta sem julgamentos. A escuta é uma das formas mais eficientes de acolher alguém, mas não devemos dizer que a pessoa está errada. É também importante saber até aonde vai seus limites e reconhecer que têm profissionais preparados para isso para ajudar. Oriente a pessoa a buscar ajuda de um profissional.
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